O curso de Engenharia Bioquímica na FURG

 

O termo biotecnologia apareceu por volta de 1960; a biotecnologia moderna desabrochou com os trabalhos preliminares de Fleming em 1929-1932 sobre a penicilina, e sobretudo com a produção industrial deste antibiótico em 1941 por Florey. Em seguida, vieram as fabricações de aminoácidos. Durante a Segunda Guerra, e principalmente depois de 1949, o estudo e projeto dos biorreatores e as indústrias farmacêuticas e agroalimentares (fermentações) favoreceram o desenvolvimento da biotecnologia.

Porém, a utilização da biotecnologia pelo homem não é recente. Há mais de 10.000 anos, plantas e animais são domesticados. Por milhares de anos tem-se utilizado micro-organismos como leveduras e bactérias para a fabricação de produtos alimentícios importantes como pão, vinho, queijo e iogurte. Virtualmente todos os antibióticos provém de micro-organismos, assim como as vitaminas adicionadas aos cereais, e as enzimas utilizadas em processos como a fabricação de xaropes de milho ricos em frutose ou a fabricação do jeans desbotado. Na agricultura, os micro-organismos são utilizados desde o século XIX para o controle de doenças e pragas, e bactérias fixadoras de nitrogênio são usadas para aumentar o rendimento das colheitas. Os micro-organismos também têm sido extensivamente utilizados por décadas no tratamento de resíduos. Certas vacinas estão baseadas na utilização de vírus ou bactérias vivas com virulências atenuadas.

Transpor a escala de laboratório, onde os volumes de trabalho são na escala de microlitros para a escala de produção, onde, não raro, se trabalha com volumes da ordem de 106 L é função da Engenharia Bioquímica, cujas características são idênticas à Biotecnologia, como um todo.

Os avanços biotecnológicos adaptados às grandes escalas pela Engenharia Bioquímica podem revolucionar diversos aspectos das nossas vidas e de nossa relação com a natureza. No campo da saúde, pode levar à descoberta de novas formas de diagnosticar, tratar e prevenir doenças. Na agricultura, desde o plantio das sementes até os alimentos colocados em nossas mesas, podem ser afetados por ela. A biotecnologia frequentemente é considerada a salvação para todos os problemas ambientais, pois pode desvendar fontes mais novas e limpas de energia (a chamada bioenergia), novos métodos de detectar e tratar contaminações ambientais, de desenvolver novos produtos e processos menos danosos ao ambiente do que os anteriormente utilizados, bem como remediar os já existentes.

 

A proposta de criação do Curso de Engenharia Bioquímica na FURG foi motivada pelo contexto tecnológico do estado e do país. A produção de conhecimento nesta área tem um ritmo acelerado, bem como a criação de novas indústrias de biotecnologia. A cada momento uma nova atividade e uma nova aplicação técnica se definem nesta área, não podendo a FURG ficar ao largo da história.

A Universidade Federal do Rio Grande (FURG), uma das principais instituições públicas de educação superior do Estado do Rio Grande do Sul, oferecendo 46 cursos de graduação, 23 cursos de pós-graduação Stricto Sensu e 29 Lato Sensu, está qualificada pela sua experiência nos cursos de engenharia que existem há cinquenta (50) anos, e mais especificamente através dos cursos de Engenharia Química e de Engenharia de Alimentos, que estão intimamente relacionados à Escola de Química e Alimentos.

A Escola de Química e Alimentos, dentro do organograma da Universidade Federal do Rio Grande, é responsável pelo oferecimento da grande maioria das disciplinas profissionalizantes dos cursos de graduação em Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, e dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos (mestrado e doutorado), Engenharia Química (mestrado) e de Química Tecnológica e Ambiental (mestrado e doutorado), como também da totalidade de disciplinas de Química para todos os cursos da Universidade. Apresenta especial atuação também nos cursos de Oceanografia (graduação, mestrado e doutorado) e de Química – Licenciatura.

O corpo docente da Escola de Química e Alimentos desenvolve várias linhas de pesquisa, dentre as quais destacam-se as seguintes: Bioprocessos em Alimentos, Caracterização de Recursos Agropecuários, Secagem de Alimentos, Valoração de Recursos Hidrobiológicos, Desenvolvimento de Metodologias Analíticas, Caracterização Físico-Química de Compostos Químicos e Química Orgânica Tecnológica.

Especificamente, a área de Bioprocessos vem se destacando ao longo dos anos, sendo a que mais teses e dissertações possui defendida no programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos.